Traços de matéria extraterrestre de 3 bilhões de anos são encontrados

Local onde os traços de matéria orgânica foram encontrados (Foto: Fyre Mael/Flickr/CC)
LOCAL ONDE OS TRAÇOS DE MATÉRIA ORGÂNICA FORAM ENCONTRADOS (FOTO: FYRE MAEL/FLICKR/CC)




Pesquisadores afirmam ter encontrado traços de matéria orgânica de fora da Terra em rochas localizadas na África do Sul. De acordo com os cientistas, o material extraterrestre tem 3,3 bilhões de anos e foi enterrado por conta da atividade vulcânica do passado.
"Esta é a primeira vez que encontramos evidências reais de carbono extraterrestre em rochas terrestres", explicou ao New Scientist o astrobiólogo Frances Westall, que participou da pesquisa. O evento corrobora a tese decientistas que defendem a chegada de moléculas "espaciais" na Terra como um dos blocos de construção para a vida no planeta.
Usando a técnica de espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica (EPR), os pesquisadores descobriram que a rocha possuía dois tipos de matéria orgânica insolúvel, ambos sugerindo origens de fora da Terra — a mais antiga já identificada. O sinais emitidos pelo equipamento se assemelham a algo que os cientistas já notaram anteriormente: antigas amostras de meteoritos contendo compostos orgânicos.
Contudo, uma outra leitura das mesma informações sugere que o material seja composto de nanopartículas de níquel, cromo e ferro. Embora esse fato contradiga a tese de que as substâncias têm relação com matéria orgânica, essa teoria também fortalece o argumento de que partes dessa camada de rocha vieram do esoaço. "Espinélios (grupos de minerais que se cristalizam em formatos irregulares) de cromo rico em níquel, também conhecidos como 'espinélios cósmicos', são formados durante a entrada de objetos extraterrestres na atmosfera da Terra", disse o autor da nova pesquisa, Didier Gourier, da PSL Research University.

Como dá para saber por um fóssil se um dinossauro era carnívoro ou herbívoro?

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Basta analisar a boca do bichão. “A melhor interpretação da dieta de um dinossauro é dada pelos dentes”, afirma o paleontólogo Reinaldo Bertini, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro (SP). Só os dentes dos carnívoros, por exemplo, precisavam ser serrilhados, permitindo que eles rasgassem a carne de suas presas. Outra pista importante é o ritmo de troca da dentição. Os carnívoros gastavam menos a arcada e, por isso, os fósseis raramente apresentam sinais de novos dentes. Já os dos herbívoros eram trocados mais vezes pois sofriam um maior desgaste – pela maceração repetitiva das plantas dentro da boca. A maior parte dos dinossauros que habitavam a Terra até o fim do período Cretáceo, 65 milhões de anos atrás, tinha uma dieta vegetariana – a proporção era de nove herbívoros para cada carnívoro. Havia ainda uma terceira categoria, a dos onívoros, que, como o homem, comiam tanto carne quanto vegetais. Mas esses eram ainda mais raros. A preferência alimentar estava diretamente relacionada ao comportamento do animal e sua capacidade de locomoção. Os carnívoros eram mais ágeis, uma vez que, para conseguir comida, precisavam atacar rápido. Mas o terrível tiranossauro, apesar da fama de mau, era necrófago, ou seja, se alimentava principalmente de bichos que já estavam mortos. Esse comedor de carniça pré-histórico tinha dentes que podiam chegar a 20 centímetros, os maiores entre os carnívoros. Os grandalhões herbívoros, por sua vez, eram mais dóceis e lentos. Sua lerdeza, claro, transformava-os em presas fáceis para os devoradores de carne.

Sorria!
É pelos dentes que especialistas identificam qual era a dieta desses animais
HERBÍVORO – Socador de grama
Os dentes dos dinos herbívoros eram não só diferentes dos carnívoros mas também entre si. Os saurópodos, por exemplo, tinham uma arcada que parecia um pilão para esmagar vegetais na boca. Outras espécies, porém, possuíam dentes finos, num formato de pá, para puxar galhos de árvores ou arbustos
CARNÍVORO – Dentada mortífera
Dinossauros carnívoros, como esse velociraptor, precisavam de dentes pontudos, que penetravam com facilidade na carne de suas vítimas. O formato curvo ajudava a segurar a presa e os dentes ainda tinham superfícies serrilhadas para rasgar o futuro banquete.

Mandíbula escancarada

Os 11 Maiores Dinossauros Já Encontrados no Brasil

Organizados do menor para o maior, um breve dicionário dos gigantes nacionais.

Há 250 milhões de anos, quando começou o período Triássico e surgiram os primeiros dinossauros, a massa de terra que hoje é chamada pelo ser humano de Brasil não se assemelhava em nada ao nosso país. Para começo de conversa, o litoral atlântico, hoje recortado em um desenho tão característico, não existia: ele estava colado na África (na qual até hoje a América do Sul se encaixa feito uma peça de quebra-cabeça).
O tempo passou, as placas tectônicas fizeram sua dança, os continentes deslizaram para suas posições atuais e alguns dinos inevitavelmente se fossilizaram em nosso território. Alguns foram descobertos aqui mesmo. Outros foram descobertos primeiro em países vizinhos – e só depois encontrados aqui.
De acordo com O guia completo dos dinossauros do Brasil, de Luiz Eduardo Anelli, 23 espécies de dinos foram identificadas no Brasil (edição de 2015). O Atlas Virtual da Pré-História (AVPH), mais atualizado, fala em 25. O número é incerto, pois sempre há dinossauros em processo de identificação, e diferentes critérios podem ser usados para inclui-los ou não na lista.
Alguns poucos ossos preservados são suficientes para os paleontólogos reconstituírem o porte e a aparência desses bichos, que viveram por aqui predominantemente entre 120 milhões e 65 milhões de anos atrás.

Rayosossaurus sp.

Comprimento – 9 m
Altura – não pode ser estabelecida
Descoberto na Ilha do Cajual, Maranhão
Rayosossaurus é o nome de um gênero de dinossauros, cujo maior número de espécies foi encontrado na Argentina. Uma dessas espécies é o Rayosossaurus agrionensis. O Brasil, porém, também tem o seu, que viveu há 110 milhões de anos.
Os fósseis de Rayosossaurus encontrados por aqui eram tão fragmentados que não foi possível especificar a que espécie pertenciam – ou definir se, na verdade, eles pertenciam a uma espécie nova (semelhante, mas não idêntica, aos argentinos). É por que se emprega o termo “sp.” no nome científico.
Apenas 17, das mais de cem vértebras que provavelmente compunham a coluna do indivíduo escavado, foram encontradas. O nome Rayosossaurus faz referência ao local em que o primeiro exemplar argentino foi encontrado: uma formação geológica denominada Rayoso, ao sul de Mendoza.

Trigonosaurus pricei

Comprimento – 9,5 m
Altura – 4 m
Descoberto em Uberaba, Minas Gerais
O nome desse herbívoro deriva da palavra grega para triângulo: trigónos. É que a espécie foi descoberta em 1947 na região do Triângulo Mineiro, extremo oeste de Minas Gerais – especula-se que seu habitat se estenderia até a Bolívia. Os ossos usados para identificá-lo, que perteciam predominantemente à coluna vertebral, estão no Museu de Ciências da Terra, do Departamento Nacional de Produção Mineral, no Rio de Janeiro.

Amazonsaurus maranhensis


 (Luiz Fernando/Domínio Público)
Comprimento – 10 m
Altura – 3 m
Descoberto em Itapecuru-Mirim, no Maranhão
A espécie, com a altura aproximada de um elefante africano, viveu numa época em que as praias do Maranhão estavam a apenas algumas centenas de quilômetros da costa da África – atualmente, a distância é superior a 8 mil quilômetros.
A espécie foi descoberta em 2004 graças a cerca de 100 pequenos fragmentos fósseis, com idade aproximada de 110 milhões de anos. Tudo indica que a carcaça do dinossauro, logo após sua morte, foi levada por um rio que não existe mais – e acabou encalhando em uma planície próxima à foz, onde, ao longo de muito tempo, os ossos foram banhados pelas marés e recobertos por sedimentos. A umidade no sítio paleontológico dificultou o trabalho de escavação e reconstituição do esqueleto.
Ele é importante por ter sido o primeiro representante brasileiro da família Diplodocoidea, que continha dinossauros de pescoço e cauda muito longos.

Baurutitan britoi

Comprimento – 12 m
Altura – 3,5 m
Descoberto em Uberaba, Minas Gerais
É um dos primeiros dinossauros catalogados no Brasil, em 1957. Não se engane: o nome da espécie não tem nada a ver com a cidade paulista de Bauru. Trata-se de uma referência à região da bacia sedimentar Bauru, que se estende do Paraná até Minas Gerais – e que preservou uma quantidade notável de fósseis de animais pré-históricos (incluindo o Trigonossauro, de que já falamos nos parágrafos anteriores).
Ele viveu há cerca de 70 milhões de anos – no fim do Cretáceo, logo antes da queda do famoso meteoro de Yucatán. A espécie foi reconstituída pelos paleontólogos com base em apenas 18 vértebras articuladas da região da cauda.

Adamantisaurus mezzalirai

Comprimento – 12 m
Altura – 4 m
Descoberto em Flórida Paulista, São Paulo.
Assim como no caso do baurutitan, seus únicos ossos conhecidos são da cauda: mais precisamente, seis vértebras coletadas em 1959 pelo geólogo Sérgio Mezzalira (seu nome científico, Adamantissaurus mezzalirai, homenageia o descobridor).
A nova espécie de dinossauro, porém, só foi identificada em 2006 – 47 anos depois da descoberta –, graças a dois paleontólogos da Unesp que estudaram os fósseis, encontrados por operários de uma ferrovia paulista. Eles estavam armazenados em um pequeno museu no Parque da Água Branca, em São Paulo.
O grandão viveu a 70 milhões de anos, e é possível que sua espécie tenha sido diretamente afetada pela queda do meteoro que pôs fim ao período Cretáceo, há 65 milhões de anos.

Tapuiasaurus macedoi


 (Nobu Tamura/CC BY-SA 3.0/Wikimedia Commons)
Comprimento – 13 m
Altura – 4 m
Descoberto em Coração de Jesus, Minas Gerais
Esse é um dos caçulas da lista: teve o primeiro osso encontrado em 2004, por acaso, numa fazenda mineira. A partir daí, pesquisadores encontraram dezenas de fósseis, incluindo um dos crânios mais completos do mundo. O nome, oficializado em 2011, remete a “tapuia”, termo genérico que costumava ser usado para se referir aos índios que não falavam tupi e viviam no interior do país.

Maxakalisaurus topai

 (Kabacchi/CC BY 2.0/Wikimedia Commons)
Comprimento – 13 m
Altura – 4 m
Descoberto em Prata, Minas Gerais
Seu nome homenageia os índios da etnia Maxacali, que habitavam a região em que foi encontrado, e o Deus que eles adoravam: Topa. A exploração do sítio arqueológico em que ele estava – um dos vários localizados na já citada bacia sedimentar de Bauru – rendeu 6 toneladas de ossos entre 1998 e 2002. Uma réplica completa do esqueleto do bicho, com ossos feitos de resina, estava exposta no Museu Nacional da UFRJ, e foi destruída pelo incêndio no último domingo (2).
O exemplar encontrado pertencia a um animal jovem, que morreu há 80 milhões de anos. Os ossos tinham marcas de dentes e estavam espalhados pelo sítio arqueológico – sinal de que ele foi morto por predadores para virar almoço, e o que restou de sua carcaça foi pisoteado por manadas.

Gondwanatitan faustoi

Comprimento – entre 8 m e 15 m
Altura – 2,5 m
Descoberto em Álvares Machado, São Paulo
Na época em que essa espécie viveu, havia só dois grandes continentes na Terra. Um deles era Gondwana, cujas terras atualmente representam América do Sul, África, Antártida, Austrália, península Arábica e Índia. Isso contribuiu para que os herbívoros do clado Titanosauria (classificação que engloba a maior parte dos dinossauros desta lista) se espalhassem por todos os continentes – só na Antártida ainda não encontraram um.
Gondwanatitan faustoi foi encontrado em 1983. Como muitos dos gigantes já citados, viveu há 80 milhões de anos, no final do Cretáceo.

Uberabatitan riberoi

 (Andre Borges Lopes/CC BY-SA 3.0/Wikimedia Commons)
Comprimento – entre 15 m e 19 m
Altura – 4 m
Descoberto em Uberaba, Minas Gerais
O nome do clado Titanosauria é inspirado nos titãs, gigantes da mitologia grega. E embora os dinossauros nacionais recém-descobertos estejam cada dia maiores, ainda é bom lembrar que titãs como o de Uberaba eram miúdos perto dos seus primos. Enquanto muitos titanossauros superavam os 40 m de comprimento, os brasileiros raramente ultrapassavam 15 m.
Isso não é pouco na escala humana, que fique bem claro: apesar de não ser dos maiores em relação a seus contemporâneos, o riberoi pesava 16 toneladas, três vezes mais que um elefante africano atual. Foram encontrados fósseis três indivíduos, escavados entre 2004 e 2006 – 300 toneladas de rocha foram removidas no processo.

Antarctosaurus brasiliensis

Comprimento – é possível que alcançasse 40 m
Altura – 6 m
Descoberto em São José do Rio Preto, São Paulo
Antarctosaurus significa “lagarto do sul”, e brasiliensis entrou no nome porque duas espécies parecidas já foram encontradas na Argentina – país com 110 espécies de dinossauros catalogadas desde 1887. Ele tinha a cabeça alongada, mas muito pequena, menor que a de um cavalo. Seus dentes eram todos iguais, sem molares que facilitassem a mastigação de vegetais, como os animais herbívoros de hoje.
Uma hipótese bastante provável é que, para triturar folhas suficientes para alimentar seu enorme corpo, os dinos dessa espécie comiam pedras! Depois de engolidos, os “aperitivos” se acomodavam no estômago e ajudavam a processar o rango.

Austroposeidon magnificus

Comprimento – 25 m
Altura – 6 m
Descoberto em Presidente Prudente, São Paulo
O maior dinossauro brasileiro já identificado foi apresentado à comunidade científica em 2016, neste artigo. Como os demais membros da lista, era um pescoçudo herbívoro extra grande. “A descoberta comprova que existiram grandes dinossauros no Brasil”, afirmou ao Terra, na época, o paleontólogo Alexander Kellner, do Museu Nacional. “Já suspeitávamos disso por conta das descobertas na Argentina, mas agora comprovamos”.
Os ossos dele estavam estavam guardados desde a década de 1950 na reserva técnica do Museu de Ciências da Terra, no Rio de Janeiro, mas, por falta verba, só foram analisados mais de 60 anos depois.

Fonte: O Guia Completo dos Dinossauros do Brasil, Atlas Virtual da Pré-História (AVPH).

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